LUZES QUE NAO SE APAGAM (reedição)
Luzes que não se apagam
As lágrimas que correm em meu rosto
Umedecem os versos que lanço neste manto
Hoje me sinto como um jeca
Quando me recordo das noites de estrelas
Em minha infância querida
Nestas noites de cidade grande
Os arranha-céus não me permitem olhar
Onde eu escondo os meus sonhos
As luzes artificiais substituíram os lampiões, os vaga-lumes e
o prateado dos luares com seus mistérios e magias
Aqui eu tenho o progresso, a medicina, os carros, as indústrias,
A educação que nos revolucionou
Mas sinto falta daqueles momentos
De espanto, de medo, de fantasias, das histórias sem cabeça,
Das amizades simples e queridas
Dos acordes da madrugada, os galos e o cacarejar das galinhas,
o canto dos sabiás, dos canários e das corruíras
Das peladas nas manhãs dos domingos, das pescarias nas tardes de trovoadas
Dos papos sem sentido e da razão de viver tão intensamente
Cada dia, com suas novas e coloridas cores
Cada noite, com suas velhas e assombrosas sombras
Se tudo valeu a pena, nada do que foi deixado para trás foi perdido
Fotografamos os cenários e os repetimos inúmeras vezes, como filmes em nossas memórias
Recolhemos os sentimentos das partidas e das chegadas, das alegrias e dos infortúnios,
Dos ensinamentos e dos amores e retornamos com eles para o futuro
Do alvorecer trouxemos o brilho no olhar
Do entardecer a eterna saudade