A Lua de Karina (série Cyndi Lauper)
Falta muito?
E agora?
Demora quanto?
E quando que ela vai chegar?
Vai demorar mais quanto?... Um tanto assim ou mais?
Eu sei que ela não vai voltar,
Eu sei que nunca vais vou vê-la,
Eu sei que posso sonhar todas as noites com ela,
Eu sei que nunca vou encontrar uma amiga como Karina.
Eu só não sabia que doía tanto não conseguir mais alcançar as suas estrelas.
Na mesma terra molhada que eu nasci, ela nasceu.
Nós crescemos juntas, a sua mão foi a minha.
Eu tinha mais que uma amiga, uma irmã Karina.
E daí tudo a gente fazia junta,
Porque com ela que eu descobri o que era amor de amigo.
A Karina aloprada, a Karina que sonhava ser fada.
A Karina que brincava de escola e não fazia prova,
A Karina que sentava do meu lado e apertava forte meus dedos... E dizia: “Esse ta dormindo ou tá acordado?”
A Karina que me dizia sorrindo: “a gente sempre tem que se abraçar quando der vontade.” E dava-me um abraço de urso.
A Karina que tomava banho de chuva atrás no quintal, e me ensinou o valor da vida.
Era duas garotas que no interior eram felizes,
Que pegavam no olhar os sentimentos.
A Karina que eu chorava quando me brigavam,
Sua direção era sempre crescer e me mostrar o bem.
E num mundo quase sem pessoas eu dava tchau na multidão.
De tudo o que ela mais gostava era brincar de sol e lua.
Era muito engraçado, achava estranho, mas ela adorava mais que todas.
Eu era sol, e ela lua, porque gostava de brilhar como senhora bonita.
E paradinhas na calçada dançávamos como o sol e a lua a iluminar a terra.
Mas nem o sol existe mais, jogou-se na escuridão.
Karina jogou sua alma fora,
O pai sujou-se até os nervos e levou numa madrugada todos embora.
Ela na janela do meu quarto escreveu de giz: “Te amo sol, brilha sempre ta!”
E Karina saiu num jornal com o corpo coberto de um tecido branco.
“Mas porque estão fazendo isso? Assim ela não consegue respirar!”
E minha mãe chorando fechou o jornal e gritou pra mim ir pro quarto.
E Karina vive na minha imaginação.
É tão linda como sempre foi.
Nunca mais vou ver Karina... E queria tanto, tanto.
Eu fico tão mais pequena e fraca quando olho pra calçada e não nos vejo lá.
Karina já é fada como sempre quis, e voa alto, alto.
E eu pra lembrar-te esqueço tudo e danço na calçada todas as noites
Como se fosse o sol, porque sei que no céu tu já estás como lua, e antes de ir, te contemplo e digo pra bem alto no céu: "Te amo minha lua, brilha sempre tá!"
Douglas Tedesco – 26.11.2008