TIC-TAC, TIC-TAC...
No tempo em que eu nasci
havia um relógio de sala
onde o tempo ágil fugia
do pêndulo que balançava...
O tic-tac pausado
não marcava a hora certa,
só demarcava as demoras
da minha rua deserta,
quando um assobio d'alguém
passeava a desoras...
No tempo em que eu nasci
o tic-tac pausado
do meu relógio de sala
venerava o tempo certo
dos sinos da velha igreja
que acertava pelo Sol
as rotinas da lida e reza...
No relógio da minha sala
não morava um cuco esperto,
só um tempo inocente,
domesticado e dócil,
que se esquecia de correr
quando a pressa era viver...
Qual gato manso,
deixava-se ronronar
no morno torpor das tardes,
até que alguém lhe acertasse
os ponteiros, às Trindades,
ou lhe desse corda solta
para que o ponteiro avançasse...
No tempo em que eu nasci
o tempo era livre e pássaro,
pousava nos parapeitos
trazendo o dia ao quarto
antes mesmo que ao tic-tac
do meu relógio de sala...
Porque o sol nascia
só quando raiava o dia...
No tempo em que eu nasci
havia um relógio de sala
onde o tempo ágil fugia
do pêndulo que balançava...
O tic-tac pausado
não marcava a hora certa,
só demarcava as demoras
da minha rua deserta,
quando um assobio d'alguém
passeava a desoras...
No tempo em que eu nasci
o tic-tac pausado
do meu relógio de sala
venerava o tempo certo
dos sinos da velha igreja
que acertava pelo Sol
as rotinas da lida e reza...
No relógio da minha sala
não morava um cuco esperto,
só um tempo inocente,
domesticado e dócil,
que se esquecia de correr
quando a pressa era viver...
Qual gato manso,
deixava-se ronronar
no morno torpor das tardes,
até que alguém lhe acertasse
os ponteiros, às Trindades,
ou lhe desse corda solta
para que o ponteiro avançasse...
No tempo em que eu nasci
o tempo era livre e pássaro,
pousava nos parapeitos
trazendo o dia ao quarto
antes mesmo que ao tic-tac
do meu relógio de sala...
Porque o sol nascia
só quando raiava o dia...