SEM VOCÊ

É sempre assim

Quando a tarde cai

Ele vem devagarinho

Como quem não quer nada

Vem sem ser chamado

Leva o calor, esconde o sol

Protegido atrás das nuvens

É hora e vez do intruso frio

No corpo, na alma solitária

Vazios estão meus braços

Nesse grande mundo frio

Gelados ossos arrepiados pêlos

De quem ainda não percebeu

O vazio e o desmantelo

Chega mansinho, vem devagar

Como quem não quer nada

Devolve ondas calorosas

Quando a noite se avizinha

Aparece envolto em luar

Deixa-me aconchegada

Esquecida de fraqueza, dou

Olhares suplicantes à lua

Entre nuvens sombrias

É só miragem, é mentira

Doce, embora efêmera.

Antes que sumas

Aninhada em teu colo

No meio da noite escura

Nem a lua me responde

Onde estás agora

É sempre assim

Quando a noite vem

E a ventania murmura

Despeço-me

Dos belos dias de verão

Até quando devo agüentar

O longo inverno sem te ver

Sem meias nos pés a esperar

Ouvidos atentos aos barulhos

Do vento que sopra e traz

Embalos dementes do amanhecer

Sozinha e sem você.

MCC Pazzola