FALSO SOL MORRE O GIRASSOL

Bolhas de gás na água apodrecida

Mau cheiro impregnado no ar

Desgraçando a alma dilacerada

Cansada de este aborrecido desejar

Passa com tua boca ressentida

Vai embora e joga as sobras pela janela

Vá com sua febre de desamor

Tantos zumbidos são os pássaros dela

E seus cânticos agônicos em pura dor

Que este peito cansado num adeus sela

Havia um jardim com um girassol em botão

E os vermes da terra arrancaram a alegria

Em lascas inflamadas e purulentas, solidão

A água pobre que verte dos olhos ao meio dia

Rega os vermes assassinos, sem paixão

A morte rebuscada é meu herói cantante

Em léguas e léguas deste mau cheiro

Vou e perco-me em tuas feridas, alma errante

Água da fonte era girassol radiante ao espelho

Então veio em ira, então não era amante

Alegria tornou-se purulento em sua tristeza

Arrancado da terra apodrecida, havia vida

Acreditava nos olhos falsos e na beleza

Dos desenhos e desejos, na palavra retratada

E era falsidade, bolhas de gás... Ainda ruboriza

O rancor veio surpreendente, desfilou em par

Destilava a água que envenena a terra, tanta falsidade

Em ondas, lágrimas cheias de gás para torturar

Ah! Girassol... Onde esta tua claridade?

Morre a alegria, purulenta... Sem te perturbar

Há nas bolhas de gás um silêncio profundo

Não ecoa a vida, a morte é realçada na exata

Medida de tuas pétalas amarelas, eu moribundo

Folhas caem no fim da rua e a saudade mata

Morre, amigos sem janelas abertas para o mundo.