EnVeLhEcEnDo
Comprem minha fome
vendam meu alento
Esqueci meu nome
guardado no armário
Meu nome fugia dos lábios castos
da flor jardineira do beco
que arranhava minha pele com lápis
e sabia me fazer dormir
Aluguem meus chinelos
troquem meu pijama
tão desgastado e sentimental
nele eu repousei o néctar fértil
Meus chinelos passeavam no barro
vermelho e belo como a manhã
que decortinava a poeira da rua
e me revelava a menina nua
Soltem meus cabelos
Prendam-me por inteiro
As estações passaram
e nem me vi envelhecendo.