A noite...
A noite chegou.
Nem se fez anunciar.
De repente, era noite.
Quieta como a noite,
a lua emergiu do horizonte sem graça,
das cumieiras da rua dos fundos.
Só que ela, a lua,
era toda graça e encanto.
Cheguei a janela e deixei-me,
envolver pelo silêncio mágico da noite.
E, enquanto observava o contraste
dos galhos escuros desenhados,
contra a limpidez azul do céu,
sem nuvens,
uma doce saudade foi se acomodando
dentro do meu peito...devagar...
assim como quem não quer nada,
começou a falar de ti.
E na voz da saudade,
escutei, tua voz,
sem nunca tê-la ouvido.
Terna, calma, carinhosa,
como te imagino.
Sorri feliz, olhei em volta,
mas não havia nada,
ninguém, apenas o eco
de tua voz em meus ouvidos
e o teu olhar no brilho tímido das estrelas.
E no silêncio daquela hora,
Na doçura daquele instante,
entreguei-me ao abraço das lembranças
ou dos desejos?
Curioso, como amar alguém,
de quem não podemos sentir,
saudade do contato,
pois ele nunca existiu,...
ou, quem sabe sempre existiu e,
esta saudade vem de outra dimensão?