Estranha Melancolia
Fabriquei-te do rol das ilusões floridas,
dos mais longínquos desertos solitários,
sentimentos te enfiei para esperançadas
e eternizadas fazeres as minhas alegrias!
Criei-te olhos dourados de sóis d’outono
para não t’ocultares n’algum desengano,
puro amor frutecendo meu anseio abrasado,
alucinando as quimeras de um desesperado!
Nos sóis d’outono teus olhares não vejo,
talvez invernos de lua tenham teu beijo.
Em que esquinas o meu sonho te perdeu
e teu perfume de alvorada me esqueceu?
Procuro-te no cavalgar manso dos ventos,
quando a lua se afunda nos pensamentos,
mas o que tenho é já o sonho murchando,
mórbida tortura vai me largando isolado!
Tua boca saborosa vou ressonhá-la celeste,
cândida, inundando meu estio eternamente,
imploro sonho, nunca me dês ao abandono,
em ti futureço a esperança d’amor em hino!
D’incríveis espasmos em melancólia sem par,
eu inventarei sóis ricos no extremo polar,
da saudade mole que das ilusões me fica,
nascerei melodias que a nuvem me finca!
Invadindo meus silêncios interpretativos
apenas devaneios me fazem dias festivos
e afundam o amor dentro de meus pesares
colorindo de vida imaginativos sonhares!
Porque saudade é minha melancolia lunar,
minh’alma-fênix reluz acesa da saudade,
batendo longas asas quer voar felicidade
e no salao nobre da lua começo a bailar!
Santos-SP-21/06/2006