Selvagem na luz...
Poet ha, Abilio Machado. 011108.
Selvagem da lua foge pelo fogo dos olhos
De algum lugar a memória caminha
Acalenta uma criança, resmunguenta
Com cantigas de ninar
Palavras que falam
De amores idos
De aventuras de seu próprio tempo
Quando criança voraz
Do princípio do novo dia
Nova aurora com o novo luar!
O semblante do velho
Caminheiro, vagueante
Carregando sobre si um mundo
Faz do pequeno cúmplice
Parceria d’uma vida
De um tudo quase nada
E de um nada quase tudo...
O céu lhe atrai o espírito
O céu não lhe condena do alto
Seu ato abandonado
É como a falta da chuva
Uma comédia mal vista
Um jogo sob a luz
Tênue a lua que se compraz
Ao velho arcado
Com o neto aos braços
A contar o passado
Mãos trêmulas
Voz rouca
E uma lágrima a cair
Aos lábios...
Uma vida respirada
Uma que se vai em último suspiro
Um bebê fica ao choro
E uma alma ao céu que vai..