FÉRIAS
Meu amor
Tiraste férias de mim
E eu, de você
Ou melhor - eu de mim mesmo
E nesse resguardo
Só encontrava descanso mesmo
Ao me lembrar de ti
Era algo como uma palavra a voltar pra garganta
(como se fosse possível)
Tiraste férias de mim
E eu, também
Me desconheci, me percebi enfermo
Me reencontrei em meio à minha dor
(como se fosse possível)
Tiraste férias de mim
E era como ver o meu pulmão respirar
Fora do meu próprio corpo
E ainda assim me suprir
(como se fosse possível)
Mas devo lhe agradecer
Ao tirar férias de mim mesmo
Pude me olhar de fora
Me enxergar por dentro
(como se fosse possível)
Tiraste férias de mim
Só não te tiraste daqui de dentro
Tentei até fazê-lo pelo zelo que me resta
Prendi o fôlego, franzi a testa, cortei os pulsos
Fiz uma festa em mim
Uma overdose de tudo que é ruim
Depois da ressaca, do amargo da verdade
Estampada na cara como uma hipérbole
Insaciável a me repetir dramaticamente
A retinir em meus ouvidos o que eu já sabia
Tiraste férias de mim pra eu saber
Que me fizeste enxergar na sua ausência
O quanto lhe amo e lhe respeito
Mesmo que por um instante
Quisera eu te tirar do meu peito....
(como se isso fosse possível)
Tiraste férias de mim
E eu, de mim mesmo
Vaguei a esmo, sitiado fora do meu corpo
Me descobri amando você
Cada dia mais.... cada minuto mais intensa e profundamente
Quando acabarem as férias que tiraste de mim
Volto também pra mim mesmo
E aqui fico e ficarei.
Volto das férias que tirei de mim, pra te amar até o fim.....