SAUDADE
Sinto saudades suas....
Mas que poema mais clichê seria se fosse só isso
Mas essa saudade é uma saudade boa
É uma saudade bumerangue.
Pois eleva meu pensamento até você
E ao te encontrar, percebe você sentindo o mesmo.
É uma saudade boa, porque o reencontro é certo
É como cachorro esperando o dono ao lado da porta
Efusivo, ansioso, cauda pendulante, língua pra fora
E quando ele chega ambos são tomados pela alegria do reencontro
Sentir sua falta é bom
Porque reaproxima a intenção do gesto
Porque assim como o amor com amor se paga
A reciprocidade da saudade aquieta.
Assim como o amor que não é amado se apaga
A saudade que não é sentida pelo outro se amarga
Mas o amor que responde, corresponde, acende
E a saudade que devolve a mesma vontade, se ameniza na espera do reencontro.
Mas de repente a saudade ficou triste
É porque me lembrei que o tempo é o senhor de todos os sentidos
E a ele devemos respeito
Assim como o ventre espera filho
Como as árvores esperam serenas a primavera a lhes cobrir novamente
Assim como a dor espera o alívio
Assim como a rosa espera a água a lhe refrescar
Assim como a lua espera pela sua vez de brilhar
Devia aprender com a lua, que não mede forças com que não pode.
Deixa que o sol se vá e espera seu momento. E, no seu momento, encanta.
Assim espero eu por você. Não conheço o reencontro. Por não conhecê-lo, o temo.
Não sou o senhor do tempo, não tenho a serenidade da lua, nem a calmaria das árvores.
Tenho saudades. Ah! Se tenho.... Mas aprendi com a lua, com as árvores e com você.
Que toda espera, só se completa no reencontro. Não há desventura na espera, se existe a espera das mãos juntas.
E quando você chegar..... riso largo, voz de veludo, olhos de anjo, rosto sereno....
Tudo que era saudade vai virar cheiro de anjo. Abraço apertado. Carinho de saudade que se vai.
A vida se perpetua no ciclo da espera, da esperança e do reencontro. Que graça teria saudades não sentida? Não devolvida?
Não contemplada pelo abraço?
Sinto saudades suas......