Na tua madrugada

Nesta mesa esquecediça hoje escrevo

todos os versos que gastarei de mim.

Meus cegos olhos buscarão um caminho

e pisarão no meu coração, nas velharias

que guardo nos bolsos antigos com lenços,

fósforos, aspirinas e um a foto 3X4.

Farei escassos parênteses entre mim

e os teus abraços invisíveis.

Deixarei correr a hora verde dos teus olhos

sem saber seguir-te nem gritar-te.

Só posso encher as mãos na breve taça

que vejo vazia na tua madrugada.

Porque és longínqua e inexpugnável.

Aponto aqui um olhar pouco lido

que em silêncio transcende

um verso sem sentido.

É só uma luva vazia que aponta

aqui e além um caminho de ar e chuva

sem céu e sem ninguém.

Versos nos rastros de Renault

Chaplin
Enviado por Chaplin em 25/10/2008
Reeditado em 26/10/2008
Código do texto: T1248138