HOMEM MADURO

Ele chegou, sorrateiro, indolente,

Subtraindo-me, do peito, o ar,

Fez meu sangue circular lentamente,

Fervendo com o fogo do seu olhar.

Fez minha face de mocinha corar,

Embevecida, até perdi o recato,

E passei a conjugar o verbo amar

Alterando o meu viver pacato.

Mergulhei num sonho bom, puro,

Num mundo de grande esplendor,

Nos braços do homem maduro

Que foi meu primeiro amor.

E foram momentos loucos, vorazes,

Com explosões de luzes e cores

Vividos na tenda de onírico oásis

Cercado de frutos e muitas flores.

Depois veio a tristeza, a melancolia,

No chão, espalhados, ficaram os sete véus,

Na minha mão, a jóia de grande valia,

A saudade em prece aos céus.

21/02/04.