Carola, Carolina
Carola, Carolina...
Uma senhora pequenina,
Minha avó materna...
Mas grande de coração.
O que lhe faltava em altura,
Sobrava em afeição...
Andarilha da alegria,
Vivia a passear...
Passeava entre filhos e netos...
Passeava entre mundos...
Passeava no sonhar...
Vivia a recitar versos,
Sorria para quase tudo
(mas sabia, discretamente, alfinetar).
Uma senhora doce,
De cabelos branquinhos,
Que vivia a mimar os netinhos,
Que gostava de prosear.
Ainda guardo as cartas que ela escrevia a minha mãe
Na minha escrivaninha...
Missivas carinhosas,
Escritas em letra miudinha
E rebuscada, a perguntar:
"Como estás, filhinha?
E as meninas, minhas netinhas?"
Embaixo de suas asas,
Queria todos abrigar.
Sua memória hoje é feita de saudade,
De uma mulher que nem a idade
Conseguiu o brilho tirar...
Viveu entre adversidade e felicidade...
Poesia e canção....
Por isso o seu coração,
Quando deste mundo enfim cansou,
Resolveu para o céu voar...