PAI, MEU PAI

Através de uma janela

Eu vejo você...

A mim parece

Eternamente bela

Ela desponta e responde

no horizonte, mas sem

chamar ou chorar

por morte qualquer.

Brilha na minha fronte

Delineando o meu pequeno

grande mundo

O seu impalpável e grande muro

para o lado de cá...

Você já não quer voltar...

PAI

Você me diz e eu acredito

Silvânia, a água do meu céu

é límpida e clara.

A minha cama é forrada,

Estou ainda a recuperar

Por vezes, acho tudo muito estranho,

A linguagem e os médicos do lado de cá.

PAI

Pergunto em soluço incandescente do meu ser:

Qual é a cor da sua roupa?

Qual é o seu passeio preferido?

Onde você busca abrigo?

Eles lhe ensinaram a cantar?

Desta janela, já me responde, sorrindo

E o sorriso é meigo e tranqüilo:

A minha roupa, filha, é diferente,

Cores, não sei definir,

O meu passeio preferido é a capela do lugar

O abrigo, eu busco na saudade do meu coração.

E ainda não aprendi a cantar.

Espero pacientemente conversar com alguém superior

Que me dizem, virá a qualquer instante...

Estou para ser transferido... Vou aprender a trabalhar...

Já aprendi a viver nas meças do lado de cá.

E da sua janela, você me diz...

O "meu objetivo" , minha filha,

É descobrir agora o segredo da vida

Nas bênçãos de Deus e de Maria de Nazaré

O que Seu Filho Amado irá me ensinar.

Quero aprender a viver simplesmente

E estar alerta para o que der e vier

Caminhar na estrada certa,

Mesmo curva;

Passar no Barro Preto e no Boticão

Ter sempre uma Boa Esperança

Roçar matas e plantar cafés

Do meu ser espiritual...

Não chore, minha filha, não chore.

Saiba que não me esqueço do seu menino

Que como você diz:

Ele está muito especial.

Saudades das meninas, dos filhos do Vitor;

São as mesmas, imensas, eternas...

Sem reservas, indefinidas.

Mas agora faço parte

de grande família universal.

PAI, MEU PAI,

Compreendo você, seja muito feliz,

Espere por mim, quando me for,

As cercas...Barreiras

serão nossos cuidados.

O consolo vem da estrada crística

Sei que você, sei que todos nós,

temos muito a aprender

no caminho encontrado.

PAI

Precisamos de espaço

Do lado de cá,

Que nos acolha em inverno e verão

Do canto-espaço

Para nos elevar passo-a-passo

Emergindo luz, em elevação,

E finalmente nos encontrar no abraço

De um só coração.

Em 06.01.2002 em Belo Horizonte, às 23h59m

Silvania Mendonça
Enviado por Silvania Mendonça em 27/09/2008
Código do texto: T1198850
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.