A CARTA

De tão amarga e nociva

A rotina finda por aniquilar

Todos os resquícios dos sonhos.

Enquanto ganhamos dinheiro para os outros,

Enquanto nos afundamos em reuniões fastidiosas

Os fins de semana sequer se despedem.

Então resta mais uma dose

Mais uma investida atrás de ilusão,

Outro corpo descartável na cama.

E onde estão meus amigos

A não ser dentro de mim,

Nos amores secretos que guardamos em vão.

Sinto não poder fazer pequenas coisas,

Como apenas perder tempo,

Ter prazer no cinema; Brigadeiro.

Então resta a rotina,

Dias após dias iguais

Contas e crediários a perder de vista.

Talvez um dia a gente sem querer

Se encontre por aí.

mário cardoso
Enviado por mário cardoso em 25/09/2008
Código do texto: T1196221
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