A CARTA
De tão amarga e nociva
A rotina finda por aniquilar
Todos os resquícios dos sonhos.
Enquanto ganhamos dinheiro para os outros,
Enquanto nos afundamos em reuniões fastidiosas
Os fins de semana sequer se despedem.
Então resta mais uma dose
Mais uma investida atrás de ilusão,
Outro corpo descartável na cama.
E onde estão meus amigos
A não ser dentro de mim,
Nos amores secretos que guardamos em vão.
Sinto não poder fazer pequenas coisas,
Como apenas perder tempo,
Ter prazer no cinema; Brigadeiro.
Então resta a rotina,
Dias após dias iguais
Contas e crediários a perder de vista.
Talvez um dia a gente sem querer
Se encontre por aí.