A colcha
A colcha
Juntando os pedaços
de uma vida como se fosse
uma colcha de retalhos
começo a notar
a extensão das cores:
a cor rosa predomina
nos sonhos de uma menina.
Depois o verde da adolescência
cheia de planos e esperanças.
Logo em seguida,
o cinza cobre os devaneios
de quem deixou de ser criança.
Observando cada pedaço
relembro cada passo dado
e não gosto do resultado.
Quero uma colcha clara,
alegre, jovial
e com apenas estas cores
não terei um bonito visual.
Chego á conclusão
que eu tinha
a agulha e a linha
em minhas mãos
e poderia ter feito
uma colcha muito melhor,
mas por não saber coser
os motivos
que só hoje posso entender
deixei de fazer
uma colcha branca e bonita
para forrar a cama da vida
nos negros dias de velhice
e solidão.
Ana Maria Calheiros de Melo