Meu rosto frio,
Crestado
Pelas fibras do tempo
Guarda o silêncio
E as memórias do sol
Embebido de saudades
Embebido de saudades
tem marcas indeléveis
Em mistérios fora deste plano
Pois meu rosto é o rosto do tempo
Pois meu rosto é o rosto do tempo
E como tal transfigura-se
Pois é pedra, é esfinge
Onde se escondem dor e os desenganos
Onde a vida só plantou incertezas
Quem poderia agora decifrá-lo?
Nele foi incrustado
A desgovernança dos sonhos
A mácula dos amores perdidos
As rugas acintosas
A falta das caricias de amor
Enfim, uma superfície de solidão
Onde seu retrato crú , se reflete
Como um espelho do passado
Contudo, creio que
Meu rosto será como um mar
Serenado
Depois que a tempestade fugir
E se aninhar nos confins do céu.