Serraria

A serraria estava lá embaixo...

Homens de máscaras intensos,

E pó, muito pó, nas narinas ardentes

Dos meninos incautos maravilhados

Com o turbilhão de sons que

Rasgavam a imensidão da tarde

Como bombásticos motores a óleo.

Vovô me levava. Explicava.

Eu não queria compreender,

Estava bem e completo

Olhando os movimentos ágeis...

Serra não serra...serrou?!

...foir por pouco!

- o braço do serrador, meu Deus!

E continuou ileso continuando.

Entretanto, permanecíamos contidos,

Vovô aconchegando o ombro do menino

Entregue à maravilha dos olhos meus...

Com o sentimento de amor esculpido.

E agora, que passou, demoliram.

Construiram um prédio de muito cimento

E pouco pó, nenhuma madeira. Duro.

Que imagem mais nítida guardo agora, anos depois?

Esta, somente, envelhecida

Que muito dói em nota de saudade:

serraria triste de infância morta.

(Die)

Fernando Marini
Enviado por Fernando Marini em 06/09/2008
Código do texto: T1164044