Serraria
A serraria estava lá embaixo...
Homens de máscaras intensos,
E pó, muito pó, nas narinas ardentes
Dos meninos incautos maravilhados
Com o turbilhão de sons que
Rasgavam a imensidão da tarde
Como bombásticos motores a óleo.
Vovô me levava. Explicava.
Eu não queria compreender,
Estava bem e completo
Olhando os movimentos ágeis...
Serra não serra...serrou?!
...foir por pouco!
- o braço do serrador, meu Deus!
E continuou ileso continuando.
Entretanto, permanecíamos contidos,
Vovô aconchegando o ombro do menino
Entregue à maravilha dos olhos meus...
Com o sentimento de amor esculpido.
E agora, que passou, demoliram.
Construiram um prédio de muito cimento
E pouco pó, nenhuma madeira. Duro.
Que imagem mais nítida guardo agora, anos depois?
Esta, somente, envelhecida
Que muito dói em nota de saudade:
serraria triste de infância morta.
(Die)