Velho de cabeça branca

Eu nunca acertei no queria da vida

Nunca fui muito de escolher o que vestir

Depois de um tempo a gente vê que nada combina

O cinto com o sapato

O seu ego com o dela

A incompatibilidade às vezes assusta

Nunca fui muito de chorar em momentos tristes

Chamam-me de insensível só porque eu não choro

Nos momentos propícios para produzir lágrimas

Eu sempre achei isso vago

Mas quando falei com meu pai

No meu último ano novo antes de me mudar

Eu chorei nem que fossem duas lágrimas

Sempre que via o meu pai, nunca era com esse título

Eu sempre o achei meio fora de si como eu

Não ia a igreja como minha mãe pedia

E depois de um tempo percebi que ele também tinha medos

Medo de perder o emprego e não conseguir nos sustentar

Medo de me ver saindo de casa

Sempre odiei o fato de ele beber demais

Achava aquilo estúpido demais para ser verdade

Num natal qualquer ele veio até mim embriagado

Não lembro do que ele falou

Mas mesmo com o cheiro de álcool forte

E o abracei e disse que o amava

Hoje estou longe dele e sinto falta às vezes

De quando ele vinha com aquelas piadas sem graça

Ou então com os trocadilhos sem sentido

Eu aprendi que mesmo com defeitos

Eu ainda gosto daquele cara de cabeça branca

E mesmo que a gente demore a se ver

Ele sempre vai estar na minha mente

Wésley D D Menezes
Enviado por Wésley D D Menezes em 18/08/2008
Código do texto: T1133425
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