Vejo-te sempre, mas longe...

À janela do ônibus que passa,

ou então nas minhas longas noites insones

sempre me apareces.

E, mesmo que eu não quisesse,

vejo-te.

É como se algo além de mim (e além de ti também)

dirigisse meus olhos para a tua figura.

Mas ao encantamento dessa visão

soma-se uma estranha, pesada amargura.

Lamento então os erros do passado

que nos impõem, agora,

essa distância, essa solidão...

Minh'alma vive em clausura.

Triste por ver-te tão de longe,

mas incapaz de buscar aproximação.

Não me conformo com perder-te,

mas deixo-te ir, sempre,

e fico a sofrer - calado.