Lembranças
Como se me abrissem os braços,
prontos e dispostos para ofertar aconchego,
e me emaranhassem em infinitos laços
tão precisos que mal poderia detê-los,
vêm-me em encontro as lembranças antigas
que em minha saudade se deleitam
e quando torno-me as reais condições da vida
elas ficam pelos cantos, me espreitam.
É tal satisfação lembrar fatos d’outrora
que dedico tempo as lembranças em segredo,
alimentam-me de ânimo tempos da aurora
que da abstenção em memória, tenho medo.
É como se bebesse todos os dias
um gole d’um líquido milagroso
e embevecida de pura nostalgia
voltasse a momentos gloriosos!
Qualquer saudade não dói, nem maltrata,
leva-me a tecer uma reflexão confortável
onde a memória ,com amor, me arrebata
para a recepção, das lembranças, tão afável.