NAQUELA CASA
Aquele rancho já não é mais o que era.
Virou tapera sem os sons de toda a lida.
Quem por lá passa fica remoendo quimeras
Nas primaveras de macieiras floridas.
Foram-se os móveis e a casa muito mudara,
Mas nunca olvidara de um tempo que fora seu,
Quando batiam corações pelas janelas
E as tramelas ringiam em outro adeus!
O velho espelho parece que enlouqueceu,
Refletindo o breu das velhas portas fechadas,
Acorda quando ganha uma réstia de sol
Ou os lampejos das noites enluaradas!
Toda a querência foi pouco e te viu tapera,
Quando a quirera era espalhada no quintal.
Amilhar galinha, cavalo, cachorro e porco,
A saudade é um toco de vela no castiçal.
Velhas manhãs onde o galo acordava o dia
E a sol luzia no azul grande do céu.
Naquela casa, a noite, sua gente ria,
E ao entrar todos tiravam o chapéu.
Naquela casa a vida de quando em vez,
Talvez lembrando de um tempo bueno de amor,
Volta a sorrir no florescer das roseiras
E vê aqueles que se foram em cada flor.
Melodia Vitor Amorim