NAQUELA CASA

Aquele rancho já não é mais o que era.

Virou tapera sem os sons de toda a lida.

Quem por lá passa fica remoendo quimeras

Nas primaveras de macieiras floridas.

Foram-se os móveis e a casa muito mudara,

Mas nunca olvidara de um tempo que fora seu,

Quando batiam corações pelas janelas

E as tramelas ringiam em outro adeus!

O velho espelho parece que enlouqueceu,

Refletindo o breu das velhas portas fechadas,

Acorda quando ganha uma réstia de sol

Ou os lampejos das noites enluaradas!

Toda a querência foi pouco e te viu tapera,

Quando a quirera era espalhada no quintal.

Amilhar galinha, cavalo, cachorro e porco,

A saudade é um toco de vela no castiçal.

Velhas manhãs onde o galo acordava o dia

E a sol luzia no azul grande do céu.

Naquela casa, a noite, sua gente ria,

E ao entrar todos tiravam o chapéu.

Naquela casa a vida de quando em vez,

Talvez lembrando de um tempo bueno de amor,

Volta a sorrir no florescer das roseiras

E vê aqueles que se foram em cada flor.

Melodia Vitor Amorim

Ramiro Amorim
Enviado por Ramiro Amorim em 11/08/2008
Código do texto: T1122494
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