Vó...

Vó...

(Poet Ha, Abilio Machado. 020808)

Quem dera jamais perder essa companhia

Uma senhora chamada Jorgina

Uma querida cheia de prosa

De contos à toda prova

De visões de uma felicidade

Vivida em seu passado

Tão viva e com saudades

Beber da vertente dos seus causos

Dos teus olhos brilhantes

Sempre vou te ver sentada ali

Sob a luz da janela

Oferecendo a sua verdade

Do começo do estado

Dos primeiros no Bairro Alto.

De sabedoria no semblante

Parecia mais um anjo

Cansado de estar aqui

Embaixo na terra

Minhas lágrimas caem agora

Saído o torpor que a gente fica

Veio agora o tamanho da sua falta

Quem me tirou da orfandade de vó

Ah! Minha vó,

Antonina não será a mesma

Vi nesta tarde que o sol estava

De brilho diferente

Sei que eras tu

Ao leste a fazê-lo rir

Como fez tanto a mim

Quem me dera jamais perder sua companhia

Mas chegou a hora de aproximar-te d’Ele

Ele precisava de sua companhia

Mais que apenas num dia

Ele a quis perto para também enchê-lo

De tua colheita terrena e de sua fé,

sua ânsia por ver a Sua face.

Vai assim, doce acalanto

Nas asas dos anjos

Ao encontro deste Criador

Que te espera...

E quanto a nós?!

Ficaremos aqui a lembrar

A olhar ao céu e termos certeza

Que ali você está...

Beijo grande e vá em paz!

E me espera...

(Até lá...Vou sentir saudades!)