sol amarelo
Sol amarelo
Tenho saudades de tuas pernas musculosas
A se dobrar entre as verduras frescas
De tua horta no fundo do quintal
Gostaria de ter ventosas
E prender-me as lembranças frescas
De um tempo sem igual
Espiar o sol tão belo
Cobrindo teu cabelo tão raro
Dando cor ao teu sorriso amarelo
No eixo do tempo traço um novo paralelo
E o passado volta, te vejo sincero
Num gesto de revolta, tão caro!
O vento às vezes traz algum sibilo
No meio da noite parece ser o canto do grilo
Perdido na escuridão.
Aguço os ouvidos e ouço um zumbido
Estou em outra dimensão
Escutando refrão e estribilho
De tua antiga canção.
Vejo teus irmãos de nação
E sinto apertos no coração
Sinto uma saudade tão grande
E vontade de te abraçar
Debaixo de sol tão belo
Lembro-me do brilho do teu sorriso
Amarelo e dourado
Como a pele de um peixe brilha
Ao pular no rio
Sinto tua falta, eras meu estio.
Onde andará tua alma revolta
Teus comandos autoritários
Hoje sem pressa,
Não temos mais fusos, nem horários
Acabou tudo, ficou apenas no obituário
Os números do tempo
Algumas flores na campa simplória
Fim da luta, a morte teve a vitória.