Cigana Astral
Cigana Astral
Lábios pronunciam “mundana”
Invejosos, ardendo por teu toque de porcelana
Ávidos de penetrar tua boca profana
De profetiza. De mágica de bruxa cigana
Em teu leito, tua linda cama.
Mãos passeiam distraídas
E esquecidas, com vontade de acariciar
O que os pobres tecidos, panos coloridos escondem.
Mãos sôfregas para te tocar, afagar
Se entrelaçar, nas tuas, juntas unidas
Como duas almas gêmeas amigas
Se fundir, num só corpo, um só destino.
Joelhos que já estão trêmulos
Só de pensar em ver todo o teu corpo,
Vestido do mais belo colorido
Ornado de rendas, jóais, colares
Se balançar feliz e divertido.
Ao ver passar a multidão compacta
Que anda apressada como a massa
Que mãos fortes transformam em pão
E poderosas transformam em pó
Ao mesmo tempo que cavam o chão.
O ser tremendo de ansiedade
Querendo como bêbado encontrar
A imaginada e idealizada sobriedade
Fugitiva diante de tua crua, e nua mocidade
Perene porta para a liberdade
Ah! Esses humanos desejos tão insatisfeitos!
Escravos chicoteados, dançam, fazem tantos trejeitos
Tentam afastar os recém, os abutres pioneiros
Que virão juntar-se ao teu cortejo derradeiro
E serão senhores, cruéis posseiros.
Ah! Alma amada que partiu
Em busca da sonhada liberdade
Volve ao trono que a amizade te ofertou
Descansa de tua jornada infernal
Vem brincar, de fantasias, seja minha cigana astral!
Vamos além do grande portal
Desfilar como cometas deslizando
Alegremente como foliões
A brincar num baile de Carnaval.