Longe
Poucas horas já seriam o bastante para atear-me o desassossego no coração...
Imagine-se dias.... Quanto aperto, quanto afago reprimido, quanto carinho sufocado, quantas palavras de amor caladas! Aflição borbulhante rodeia-me.
Dentro das intempéries obscuras que nos separam, vejo-te longe, vejo-te em névoas.
No coração, sinto-te sempre, pouco venho a tocar-te!
Quantos dias mais faltam? As horas arrastam-se preguiçosas, como se propositalmente quisessem aumentar a minha consternação! Praguejo a demora, esta senhora voraz e maldita das vontades dos apaixonados.
Noites mal-dormidas, de angústia pelo desejo que invade as madrugadas frias!
Quero-te. Quero-te tanto, que se assim não fosse, talvez essa aflita espera não seria a minha companheira de horas intermináveis.
Amo-te. O longe, a demora, a espera, são infelizes em seus propósitos, pois só aumentam este amor que tenho a ti.