Longe

Poucas horas já seriam o bastante para atear-me o desassossego no coração...

Imagine-se dias.... Quanto aperto, quanto afago reprimido, quanto carinho sufocado, quantas palavras de amor caladas! Aflição borbulhante rodeia-me.

Dentro das intempéries obscuras que nos separam, vejo-te longe, vejo-te em névoas.

No coração, sinto-te sempre, pouco venho a tocar-te!

Quantos dias mais faltam? As horas arrastam-se preguiçosas, como se propositalmente quisessem aumentar a minha consternação! Praguejo a demora, esta senhora voraz e maldita das vontades dos apaixonados.

Noites mal-dormidas, de angústia pelo desejo que invade as madrugadas frias!

Quero-te. Quero-te tanto, que se assim não fosse, talvez essa aflita espera não seria a minha companheira de horas intermináveis.

Amo-te. O longe, a demora, a espera, são infelizes em seus propósitos, pois só aumentam este amor que tenho a ti.

Litrento
Enviado por Litrento em 12/07/2008
Reeditado em 16/07/2008
Código do texto: T1077649