O VELHO E O MENINO

Com seu olhar curioso e os ouvidos sempre atentos;

Tudo que ali se dizia, seu ágil pensar logo absorvia;

Sábios conselhos formando conceitos e moldando os intentos;

Anos depois, mesmo após tantos experimentos, ele ainda guardaria!

Palavras ternas de um orgulho que mal podia se conter;

Um candeeiro na língua sentenciando os riscos de um provável futuro;

Profecias de que o sucesso com as mulheres ele iria obter;

Uma alma protetora, quando ao redor tudo parecia frio e escuro!

Um rosto firme e uma expressão de vivaz seriedade;

Uma intensa disposição para legar a melhor orientação;

Fonte diária, jorrando a lição de um viver pautado na verdade;

Exemplos vivos, que para sempre estariam gravados no coração!

Que a grandeza de um homem é ser pequeno em seu próprio olhar;

Que vencer é ser nobre e não somente alcançar a conquista;

Que a colheita sempre equivale a tudo que nos propomos semear;

Que nossas mãos não são donas de tudo que é desejável e se avista!

Que o ouro e a prata sempre valerão menos que o ser humano;

Que a juventude é como neblina, que ofusca a visão do depois;

Que a sorte no aquém dependerá de tudo que se fez nesse plano;

Que o rico é como o pobre e tanto o feio como o belo, morrem os dois!

O menino com o tempo cresceu e o velho lamentavelmente partiu;

No legado de um mesmo sangue, aquela história de dupla paternidade;

Velho avô que o céu levou, cuja lembrança jamais se esvaiu;

Sabedoria que o menino crescido nunca viu, mas que almeja pelo menos a metade!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 02/07/2008
Reeditado em 10/10/2009
Código do texto: T1061147
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