ELEGIA
Ai que saudade que eu tenho
Dos meus tempos de criança,
Onde eu deitava no lenho
Cheio de sonhos e esperença!
Os meninos da minha rua
Queriam comigo brincar:
Picula em noite de lua,
Bola de meia jogar...
A casinha era modesta,
Tudo faltava pra nós.
Quando era dia de festa
Acabava a fome feroz.
Meu pai trabalhava demais,
Fazia um esforço desumano.
Minha mãe era sempre capaz:
Tinha gente nova todo ano.
Minha primeira namorada
Tive aos catorze de idade.
Era uma morena danada,
Vinha de longe da cidade.
A saudade ainda me consola
São tantas coisas pra lembrar:
Das praças, da minha escola,
Do velho rio ao imenso mar.
Tempos idos, mera prece,
Jovens, ávidos aprendizes;
Tempos que ninguém esquece,
Éramos pobres, mas felizes.