HORAS MORTAS

Quando o silencio da noite,

No inicio da madrugada,

Cai sobre o planeta,

Seja nas planícies austrais,

Ou sob brisa dos trópicos,

Diz-se que são horas mortas,

Assim dizia meu avô,

Assim falava meu pai.

Mas, diziam à nossa inocência,

Bem mais que solidão,

Com suas estórias surreais,

Diziam existir almas penadas,

A vagar no breu da noite,

Bois-tata a iluminar as roças,

E sons vindos do nada.

Aqueles rostos pouco iluminados,

Nos faziam crer em desatinos,

Pois ouviram antigamente,

Que por traz da candeia do tempo,

Mora todo o ensinamento,

Que não tem eras e não tem hora!

Quando o silencio da noite,

Eu sinto ao redor, agora,

Ouço vozes do passado,

Os risos e causos daquelas horas.

Talvez, se tivesse um radinho,

E dois ou três ao redor do fogo,

Repetiria os mesmo gestos,

A mesma estória, a mesma prosa,

Pois nossos medos não mudaram,

E vive no silencio o que nos passaram.

Assim, como no silencio está,

As horas mortas da noite,

Sepultas ao lado de nós.

Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 24/06/2008
Reeditado em 28/07/2010
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