HORAS MORTAS
Quando o silencio da noite,
No inicio da madrugada,
Cai sobre o planeta,
Seja nas planícies austrais,
Ou sob brisa dos trópicos,
Diz-se que são horas mortas,
Assim dizia meu avô,
Assim falava meu pai.
Mas, diziam à nossa inocência,
Bem mais que solidão,
Com suas estórias surreais,
Diziam existir almas penadas,
A vagar no breu da noite,
Bois-tata a iluminar as roças,
E sons vindos do nada.
Aqueles rostos pouco iluminados,
Nos faziam crer em desatinos,
Pois ouviram antigamente,
Que por traz da candeia do tempo,
Mora todo o ensinamento,
Que não tem eras e não tem hora!
Quando o silencio da noite,
Eu sinto ao redor, agora,
Ouço vozes do passado,
Os risos e causos daquelas horas.
Talvez, se tivesse um radinho,
E dois ou três ao redor do fogo,
Repetiria os mesmo gestos,
A mesma estória, a mesma prosa,
Pois nossos medos não mudaram,
E vive no silencio o que nos passaram.
Assim, como no silencio está,
As horas mortas da noite,
Sepultas ao lado de nós.