Poesia a um passarinho
Feito passarinho,
que abre as asas e alça vôo,
passeias por aí sozinho...
Seria a chuva teu choro?
Creio que não,
és todo alegria:
Cantas na solidão!
Entoas com companhia!
É como quem ver-se abundante
e deixa esvair um pouco de si:
Um pouco do amor,
da felicidade constante
e embora jamais dissipe sua dor
doa de si até seu sonho anelante...
Feito passarinho
viajas pianinho
mas não há como passar despercebido...
Chega quietinho,
segue teu caminho
mas não há como passar despercebido...
Ai de ter uma luz dentro de ti
que desperta uma luz que dorme em nós,
por isso todos se alegram quando vêem-te pousar aqui
com as luzes acesas damo-nos conta de que não estamos sós.
Feito passarinho,
humilde criatura,
cativa a tantos,
de uma forma tão pura...
Cativou até a mim...
Sabes que é feito honorável!
Queria ser assim
como tu, és em tudo invejável!
E feito passarinho
foi-te embora:
Simplório e sozinho.
E eu agora?!
Larga passarinho
Esta tua vida à fora!
Volta-te nesta hora.
Fica por piedade...
Lembra do que me ensinaste?
“A reflexão, não a leviandade...”
Fica e faz de vez o que me falaste:
“Um dia eu ouso e pouso de vez aqui.”
*Texto puramente fictício.