Suave Colheita
in Messidor
Guilherme de Almeida
“Príncipe dos Poetas Brasileiros”
1890-1969

Que te entristece, coração velhinho?
Olha atrás o passado: que mais queres?
Quantos sonhos e quantos malmequeres
desfolhados ao longo do caminho!

Tantas rosas colheste! E hoje, sozinho,
por que estranhas o espinho em que te feres?
Como as rosas são todas as mulheres:
quem colhe rosa também colhe espinho...

Feliz, que te iludiste! Os teus amores,
de que andaste, insaciável, respirando
o perfume sutil de um só minuto.

foram apenas como certas flores
que a gente colhe, de manhã, pensando
que são belas demais para dar fruto!

 

 






celebrando o poeta  

 

 

 

 

Saudades passadas e presentes

Pois tudo o que em vós há é saudade

 

As flores vestidas de mil cores.

As aves de amor envolvidas.

Os campos verdejantes de folhagem.

E tu meu triste velho falta-te a ternura.

Dos filhos que ao mundo deste

E que para sua sorte partiram,

Notícias deles nunca então tiveste

E isso acrescenta o teu tormento.

És como um passarinho de canto triste

Onde queres pousar teus olhos

para que ninguém veja a causa de tanto abatimento?

Onde te acoitas para te esconderes da curiosidade

dos  que por ti passam e nem te vêm?

Com as costas da mão limpas a lágrima

que corre na face seca e enrugada.

Resíduos de saudade que tu sustentas.

As tuas mãos trémulas indecisas,

tentam suavemente o toque macio

das pétalas das rosas, que foram teu sofrimento.

Mas picaste no espinho que as defende.

Sentes em ti então grande abandono.

Que a ti te remete para a clausura.

Que faz teus olhos verem a luz esbatida.

Chora velhinho a tua tristeza.

Mas não sabes como a lua te embeleza.

Te cobre de ternura com o seu brilho.

Porque és a glória do futuro.

Pela pureza da tua alma que perdura.

 

De t,ta

07-06-08

20.50

 

 

 

 

 

Tetita ou Té
Enviado por Tetita ou Té em 08/06/2008
Reeditado em 13/07/2008
Código do texto: T1024837
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