SAUDADE PALAVRA BONITA

Ontem um de meus melhores amigos,

não digo o melhor porque esse é Jesus

que morreu por nós pregado na cruz,

disse algo que eu não queria concordar,

mas era um momento de muita comoção.

Sua mãe querida ele acabava de enterrar

e eu preferi calar evitando discussão.

Disse que a palavra mais linda é “saudade”,

enquanto sempre achei que fosse “amor”,

mas ele argumentou em sua verdade

que só temos saudade do que amamos.

Então, naquele momento de tanta dor,

senti nossa fraqueza de seres humanos.

Ela também era minha amiga verdadeira.

Partia deixando sangrar meu coração.

Mulher honrada e destemida guerreira,

não sabia o que era deserção,

por mais difícil que fosse não desistia.

O trabalho era parceiro de todo dia.

Por mais que nos julguemos preparados,

somos carentes de força e coragem

quando vem a derradeira viagem

de alguém que nós adoramos.

Ficamos sem chão e inconformados.

Sentimos um vazio e choramos.

Ah! Que amizade trilegal a da gente!

Que dias felizes passamos juntos, tchê!

Agora Irele, eu não posso mas tu me vê

e sabe que lembro aquele vinho quente,

os churrascos de carne pouco assada

e aquela ambrosia por ti preparada.

Na Porto Alegre de ricas lembranças

ficou, do teu olhar, aquele brilho

com que fitavas a mim e a teu filho,

adolescentes que vias como crianças

e hoje ambos como qualquer adulto

sucumbem em prantos e torpe luto.

Nós continuamos nesta terra vil,

amargando esse vazio no coração

enquanto tu já curtindo o céu anil,

até na partida me deste uma lição:

nos dois sentimentos há felicidade,

ela se acha no amor e na saudade !

SP.07/06/08

Fernando Alberto Salinas Couto

Homenagem póstuma à Irele Zanette Sbardelotto

falecida em 05/06/08, na cidade de Porto Alegre-RS

Fernando Alberto Couto
Enviado por Fernando Alberto Couto em 08/06/2008
Reeditado em 05/07/2008
Código do texto: T1024762
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