RESPINGOS DE SAUDADE

A lua branca altaneira
Nascia na serra em frente
Pintando de branco a gente
Tão linda e tão faceira

Sua tintura prateada
Se espalhava pela mata
Transformava tudo em prata
Também pintava a calçada
E toda a meninada
No terreiro se juntava
E ali a gente brincava
Correndo pelo terreiro
Ganhava o mais ligeiro
Gastava toda energia
Naquela grande alegria
Até minha mãe chamar:
Meninos, venham deitar!
Na sala as redes armadas
Algumas telhas quebradas
Deixavam a lua passar
E ali descia o clarão
Que vinha até o chão
De prata o piso pintar

Que bela a claridade
Pela porta o açude em frente
Parecia uma brasa ardente
São respingos de saudade!