LEMBRANÇA DA MOAGEM

Oh que saudade que sinto!
Da vida lá na fazenda
Do engenho, das moendas
Pode crer que eu não minto
No escuro da madrugada
Um abôio se ouvia
Repleto de nostalgia
Do tangedor da boiada
Os bois com sua pisada
Dando voltas no gigante
Quebrando a cana dura
Para fazer rapadura
E em baixo mais adiante
Um forte cheiro de mel
Já subia para o céu
Eu corria pra janela
E o cheiro de gamela
Tomava conta de mim
As meninas animadas
Com suas canas curvadas
Puxavam mel de alfenim
Oh que saudade, que odores
Ainda sinto os fragores
Presentes no meu nariz
Como eu era feliz...
Daquela linda paisagem
Só a saudade ficou
E a lembrança me levou
Ao meu tempo de moagem