Lembranças do Sertão

Dói em mim uma saudade.

Saudade que vem do meu sertão.

É que olho as andorinhas,

Sobrevoando o céu sozinhas,

Em vôo rasante pelo chão.

O cheiro das simples coisas,

Do filé, feijão com arroz,

Da rosa no jardim,

Do perfume da moça que passou.

Que será que se dá?

Que tanto nos aguça a curiosidade?

De uma janela aberta,

Desejo de nela entrar?

É que parece que cada casa,

Ás vezes parece a nossa,

O lar onde nascemos,

Sombreado, de sombras nas portas.

Parece que desejamos,

Voltar ao tempo passado,

Ao lado de nossos entes,

Amigos ao nosso lado,

Não se nos dá que o tempo

Passa em breve soar de relógio

E o que nos resta na mente, no coração,

São nossas lembranças, eternas infâncias.

Eternas saudades,

Dos queridos que deixamos, lá no sertão,

Na terra quente, escaldante,

Onde se toca o sol com a mão.

E um perfume, um olhar,

Uma rosa, um pássaro a voar,

Uma casa bem parecida com a que a gente se criou

Parece trazer a tona

Os momentos que se vivenciou..

Fica em nós essa saudade,

Das lembranças do sertão.

Cheiro de café pilado,

Chuva no barro a bater,

Traz a sorte à plantação,

Volta a viver o que se parecia morrer.