Tempo
Quando lembro a doce e inocente infância lá atrás vivida, sem peso, nunca sofrida, talvez não bem vivida porque o tempo não ia mudar. E reflito: que bom seria se aqueles segundos não tivessem passado, ido, - sei lá, se as horas não tivessem andado, os dias não tivessem caminhado, as semanas, congeladas, os meses e os anos se atrazados para eu não sair de lá, do meu doce lar, da infância, da minha doce inocência. Hoje sou deserto, longe, incerto? É, mas sabia que as flores em silêncio, também amadurecem vivenciam a mesma agonia enquanto os segundos não páram, as horas caminham incessantemente sem esperar, as semanas insólidas se transportam sem cessar, os meses e os anos se transpôem roubando a minha inesperiência e o perfume das flores. Pobre flores, pobre eu e elas. E nós cada vez mais, menos inocentes... elas fazem o silêncio por mim. As rosas não falam. Eu declamo e reclamo por elas...por causa do tempo, se foi nossa infância, eu, as flores e o tempo, que não espera por nós dois...