In memoriam

In memoriam

Você me contou tantas estórias,

Relatou-me tantos contos,

Leu pra mim tantos versos,

Embalou-me até dormir.

Você foi o primeiro,

A me despertar pelas palavras,

Estórias da carochinha,

Trancoso, Contos de fada,

Reino de faz de conta,

Almas penadas tão assustadas.

Você é a memória da minha infância,

Foi meu pai, o meu irmão.

Vozinho dos meus sonhos.

Deixaste-me, foi embora pro céu,

Partiste tão cedo então!

Os teus poemas, o teu cordel,

Eu guardo no coração,

Tuas princesas, tuas rainhas,

Teus castelos, tuas fadas madrinhas.

Os Zé Bestalhões das tuas estórias,

Ajudam-me hoje a sorrir,

Estão gravados na memória,

São uns sonhos pra eu Discernir.

Quantas estórias bonitas!

Tantas saudades de você!

Cantavas o tempo todo,

Sorria fazendo graça,

Poetavas até mesmo ao tomar tua cachaça!

Pequeno copo de álcool, açúcar e limão,

Era teu refúgio pros problemas,

Pra fome do teu sertão!

Era um pedido, teu grito de socorro,

Pra tua sede de cultivar,

Tua terra saqueada,

Teu sustento roubado a lastimar.

Meu mestre nas palavras!

O que escrevo devo a você,

Príncipe dos meus castelos,

Meu melhor conto de fadas a reviver,

Magia das palavras, sinfonia da canção,

Arte, criatividade, enlevo e homenagem a ti,

In memoriam, mas sempre vivo dentro de mim.

Ao meu Querido avô Galdino Simões da SILva, o homem que despertou em mim o gosto pela poesia.