LAMBER O CHÃO
Esconder o riso,
esconder o pranto.
Dissimular o espanto,
sempre que preciso.
Engolir a seco,
ser o último da fila;
garimpar a chepa
sem fazer careta.
Lamber a bota
daquele que te pisa,
Sem ojeriza;
baixar o olhar.
Ficar calado
quando se quer gritar.
Respirar fundo;
Depois a noite
vir para este recanto
Escrever poemas,
Libertar o riso e o pranto.
Depois dormir em paz;
Amanhã acordar
e começar de novo.
Mas chega um dia,
em que o poetar por poetar,
se torna em vão.
E poeta então,
se entristece;
Se enfurece,
E diz não!
Tem que mudar!
Ele chama outros poetas;
Compartilham sonhos, metas;
E aí se anima;
E com novas rimas
volta a cantar.