À noite
Gosto de me postar
à noite, em calma
quando os olhos marejam
de tanto contemplar estrelas.
Só para vê-las
São todas iguais
a furinhos na imensidão
que me parecem
velas pequenas
onde a luz das deidades
vaza, solene
Gosto de me postar
à noite, ouvindo o gritos
dos desvalidos clamando
justiça
e das almas impenitentes
que nos albergues dos astros
soluçam
Gosto de me postar
à noite, dos amantes
no sossegar da lua
tão nua, tão minha
tão tua
Tão inocente e poética.
ao balouçar da brisa
precisa
que me enternece
Gosto de me postar
à noite, ouvindo
o murmúrio do vento
num suave envolvimento
de sons de vozes
reconhecidas, parecidas
com o palavrear materno
que me acarinhou um dia.