VIAGEM SEM DESTINO
UM POUCO DE LUXO E BELEZA
SEM NADA DE SINGELEZA
VAMOS ELEVAR O ASTRAL
PARA A ESFERA INTERESTELAR
IMAGINANDO UM CANDELABRO
COM QUATRO GIGANTES VELAS
UM NAVIO DE MUITAS JANELAS
E UM FILME COM ENRREDO MACABRO
UM TRANSATLÂNTICO INTERCONTINETAL
DE RIQUEZA FENOMENAL
NAVEGANDO EM MAR ABERTO
CHEIO DE GENTE POR PERTO
DE UMA MESA DE BAR
E EU PILOTANDO OS SONHOS MEUS
NESSE MUNDO DE MEU DEUS
PROCURANDO TE ENCONTRAR
MUITOS FALANDO INGLÊS
E EU NO MEU POBRE PORTUGUÊS
SEM QUASE ENTENDER NADA
E AQUELE SOM DE BALADA
DE UMA MELODIA MESTRA
QUE EMBALA OS PARES DANÇANDO
E CONVERSANDO E NAMORANDO
AO SOM DA ORQUESTRA
SOBRE UM CINZERO DE BARRO
A CINZA DO MEU CIGARRO
ACUSA A IMENSIDÃO
DA MINHA PROFUNDA SOLIDÃO
QUE EU NÃO CHORE, QUE EU NÃO ME ACANHE
COM O BALANÇO DAS ÁGUAS
QUE EU AFOGUE AS MINHAS MÁGUAS
NUMA TAÇA DE CHAMPANHE
NAS MINHAS LÁGRIMAS TE VEJO
E RECORDO-ME DO ÚLTIMO BEIJO
QUE TROCAMOS NA DESPEDIDA
ESTA VIAGEM SOFRIDA
ME FAZ PAGAR O MEU PECADO
QUE EU SEI QUE COMETI
QUE NUM DESLIZE TE TRAÍ
E AGORA SOU UM ÉBRIO ABANDONADO
BEM FEITO PRA MIM
HOJE SOU CASA SEM JARDIM
MEU EXPLENDOR O VENTO LEVOU
SOU UM POÇO QUE SECOU
UM FRACO UM TEATINO
QUE CAIÚ NO SUBMUNDO
VOU ME PERDER NESSE MUNDO
NESSA VIAGEM SEM DESTINO.
AUTOR: VAINER DE ÁVILA