VIAGEM SEM DESTINO

UM POUCO DE LUXO E BELEZA

SEM NADA DE SINGELEZA

VAMOS ELEVAR O ASTRAL

PARA A ESFERA INTERESTELAR

IMAGINANDO UM CANDELABRO

COM QUATRO GIGANTES VELAS

UM NAVIO DE MUITAS JANELAS

E UM FILME COM ENRREDO MACABRO

UM TRANSATLÂNTICO INTERCONTINETAL

DE RIQUEZA FENOMENAL

NAVEGANDO EM MAR ABERTO

CHEIO DE GENTE POR PERTO

DE UMA MESA DE BAR

E EU PILOTANDO OS SONHOS MEUS

NESSE MUNDO DE MEU DEUS

PROCURANDO TE ENCONTRAR

MUITOS FALANDO INGLÊS

E EU NO MEU POBRE PORTUGUÊS

SEM QUASE ENTENDER NADA

E AQUELE SOM DE BALADA

DE UMA MELODIA MESTRA

QUE EMBALA OS PARES DANÇANDO

E CONVERSANDO E NAMORANDO

AO SOM DA ORQUESTRA

SOBRE UM CINZERO DE BARRO

A CINZA DO MEU CIGARRO

ACUSA A IMENSIDÃO

DA MINHA PROFUNDA SOLIDÃO

QUE EU NÃO CHORE, QUE EU NÃO ME ACANHE

COM O BALANÇO DAS ÁGUAS

QUE EU AFOGUE AS MINHAS MÁGUAS

NUMA TAÇA DE CHAMPANHE

NAS MINHAS LÁGRIMAS TE VEJO

E RECORDO-ME DO ÚLTIMO BEIJO

QUE TROCAMOS NA DESPEDIDA

ESTA VIAGEM SOFRIDA

ME FAZ PAGAR O MEU PECADO

QUE EU SEI QUE COMETI

QUE NUM DESLIZE TE TRAÍ

E AGORA SOU UM ÉBRIO ABANDONADO

BEM FEITO PRA MIM

HOJE SOU CASA SEM JARDIM

MEU EXPLENDOR O VENTO LEVOU

SOU UM POÇO QUE SECOU

UM FRACO UM TEATINO

QUE CAIÚ NO SUBMUNDO

VOU ME PERDER NESSE MUNDO

NESSA VIAGEM SEM DESTINO.

AUTOR: VAINER DE ÁVILA

Vainer de AVILA
Enviado por Vainer de AVILA em 19/01/2008
Código do texto: T823665
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