Sono do tempo
Deslizou o riacho de calmaria, brincou em pedras e corredeiras.
Perdi a pressa, voei em pensamentos, esqueci as horas.
O vento beijou a folha e tímida, a brisa calma, ninou a fúria do caos.
Adormeceu a vaidade, descambou de sossego envolto à paz.
Em tempo de passaredo e ipês, espreguiçou o relógio.
Vadiaram se os ponteiros bem algozes.
Vi ao longe um casebre, chaminé, um jardim e montanhas.
Ouvi o canto de um sabiá que afugentou a tristeza.
Ao fundo, um mar e palmeiras, melodia de estrelas e luar.
O céu desceu aos homens, fez se criança o deus tão rude.
Deslizou o riacho de calmaria...
João Francisco da Cruz
13/12/2024