Hoje, morro gentil!

Hoje, morro gentil!

Sem alarde, sem dor, sem tumulto.

Apenas um sopro leve, um suspiro breve,

E o peso de mil dias suavizando no ar.

 

É uma escolha? Asseguro que não!

Um cansaço que já não encontra repouso,

Um adeus que nunca foi dito, mas sempre esteve à espreita,

Sutil, aplacando as fissuras nos cantos das manhãs cinzentas.

 

Hoje, morro gentil!

E ao cair, que seja como as folhas de outono,

Desprendendo-se suave, sem pressa,

Abraçando o vento que sempre me fugiu!

 

Aqui, não há pranto nem rancor,

Apenas o descanso de um coração cansado,

Que aprendeu que, sempre, viver é um poema,

Que se encerra no ponto final da própria rima.