MEU CANTINHO
Entre dois telhados, no alto da casa,
Havia um refúgio que chamava meu nome,
Sombras suaves e o vento que abraça,
Ali eu era livre, sem forma, sem fome.
Era meu paraíso, silêncio sagrado,
Pensamentos fluíam, amor declarado,
Preces em lágrimas, risos guardados,
Tudo ali, puro, no meu mundo isolado.
Hoje, eu cresci, e aquele espaço, não cabe,
Minha alma expandiu-se, meu corpo mudou,
Mas a falta que sinto do antigo enclave,
Onde só Deus e eu, o silêncio ecoou.
Procuro um lugar onde eu possa existir,
Só com meu ser, sem medo, sem dor,
Onde as vozes do mundo deixem de insistir,
E eu ouça, no fundo, a paz do Criador.
Tião Neiva