VENDO AS ESTRELAS

Nas lonas que estão em cima.

Vejo a cor do céu estrelado.

E um coração acelerado.

Saindo do martírio da urbe.

Para extasiar-se pela trilha do verde.

Enquanto vislumbramos o som sombrio.

Que caminha no pensamento nas noites.

Enquanto o frio chega de mansinho.

Estreitando os laços de meu ninho.

Num risonho e simplório carinho.

Vou incursionando de mansinho.

Para lembrar que não estou sozinho.

A armação grotesca da tenda.

Arrumada ao sabor da natureza.

Bem em frente a uma represa.

Lembra a hora da sobremesa.

Como um doce de ternura.

Esquecendo toda amargura.

Pela flor que ressurge nos campos.

Chegando à minha narina.

Como se fosse um purpurina.

Enfeitando o momento encantado.

Que se dissipa com o sono iminente.

Pela noite silenciosa

E pela lua tão formosa!

O vento balançando as estacas.

Num som livre dos babacas.

Através de um acorde seresteiro.

Num silvo matreiro.

Com ares de harmonia.

Enfatizado por uma bela sinfonia.

Acompanhada de uma orquestra.

Da afinada floresta.

Onde cantam os bichos do mato.

Através de uma canção bem definida.

Em torno da simplicidade da vida.

Acalentada pela paz e pelo sossego.

Quando as horas passam e não percebo.

E adormeço com o sopro do morcego.

O dia amanhece alviçareiro.

Tenho de tirar a cabeça do travesseiro.

Acordo com o gosto de aventureiro.

Preciso descobrir mais coisas do lugar.

Andar pelos campos da graviras.

Tentando desvendar a vida dos caipiras.

E Grudar-me nos carrapichos da vida.

E enroscar-me nas gramas da região.

Andando sem direção.

Curtindo aqueles lances de emoção.

Escutando a batida do meu coração.

Ao som de uma linda canção.

Como toda música do sertão.

E logo outro crepúsculo.

E exclamo: Oh! natureza tão bela.

Quanta coisa linda você tem.

E o meu sono que não vem.

Para que eu possa olhar meu amor.

Que está linda como uma flor.

Embaixo de uma linda barraca.

Que parece ser uma mansão.

Em torno de tanta escuridão.

Que cede aos raios de meu lampião.

Iluminando a silhueta de seu corpo.

Com frestas de sensualidade.

Para revolver meu fervor.

Em torno de tanto amor.

Machadinho
Enviado por Machadinho em 13/01/2008
Reeditado em 15/01/2008
Código do texto: T815988