Remendando o passado
Sentado à sombra de uma árvore,
Atento ao voo dos pássaros,
Ao ritmo inquieto dos ventos,
Cheio de muito passado,
Começo a lembrar...
Dos erros da plena juventude,
Dos sonhos ingênuos da pouca idade,
Dos rostos tristes e felizes que conheci na jornada,
Fantasmas à minha volta,
Em minha mente, a me apontar.
As lágrimas se impõem
Sobre os flashes do passado.
A tristeza permeia minha introspecção.
Por ser jovem demais, mau sem motivo,
Não pude compor o coração de quem me notou.
Na embriaguez da juventude infinita,
Aonde o tempo é ignorado,
As pessoas são alegorias,
Os ensinamentos são desprezados,
O futuro vive distante do alcance do nosso olhar.
O orgulho e a presunção imperam
Os sentimentos são rejeitados
A superficialidade encontra a alegria
Enquanto a estupidez e a arrogância,
Cheias de si, beligeram.
A solidão chega durante o silêncio
A saudade não se firma num só rosto
E as lembranças, que mais assombram,
Sob a imponência da paisagem em volta,
Forçam o menino a se redimir com o homem.
No decorrer de suas considerações,
O ser lógico, em seu habitat biológico,
Reconcilia-se com a natureza
E perdoando a si mesmo,
Vai remendando o passado.
Na paz dos sons naturais a boca aguarda a mente falar,
No silêncio de seus pensamentos,
Percebe a brisa suave cantar
E reencontra, enfim, na solidão e nas lágrimas,
A paz que o coração rejeitou pelo caminho.