Sem mágoas
Não carrego mágoas
talvez um pouco de tristeza
que às vezes me consome
quando na partilha sobre a mesa
esquecem o meu nome
mas não, não carrego mágoas
em mim, são como as águas
que escorrem
deságuam pedra abaixo
às vezes corroem
formando novos desenhos
como montes ou rebaixo
depois, continuam palavras, engenhos
criações que minha alma canta
seguem como devem
vão por aí a quem sentir
calam fundo, às vezes ferem
às vezes dançam e me fazem sorrir
são como flores que o vento espalha
em perfumes que vou sentindo
palavras que a emoção entalha
e que passo a vida distribuindo
muitas estão tatuadas na minha alma
e eu as tenho com amor e afeição
não espero reciprocidade e as espalho solitárias
são palavras que se expressam arbitrárias
e contam do meu amor e do meu tesão
às vezes elas têm gostos diversos
são de hortelã, são palavras de anis
eu as transformo em versos
não me atenho aos reversos
e contra tudo o que esperam, sou feliz.
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