Simplesmente.

Tava aqui, pensando

Se será que vale a pena

Esquecer o caminho

A jornada

Alegria adiada...odiada

Alegria por nada

Que eu sentia, sem sê-la

Tava eu aqui, me lembrando

A criança serena que eu era

Sem medo do desconhecido

E o que eu mais queria

Era só poder me aproximar do céu

Nem pedia que tivesse estrelas

Se ele acaso não tivesse

Se, por certo, fosse o céu

Me bastava olhar de perto

Nem que fosse só por breve instante

Mas o tempo tem seu prazo

Mesmo sendo o chão deserto

É preciso sempre um novo passo

Passo a vez, sigo adiante

Tanta dor danada que te dói na vida

Que acontece quando a gente

Já não pode fazer nada

A pressa obsessiva que atravessa a vida

Quando a gente para e olha

Folha em branco era um barco à deriva

Assim se faz os caminhos

Tantas vezes

Passar a vez e seguir

Numa condução qualquer, que te sacode

A caminho de alguma ilusão

Que tem cara de alegria

De balão que explode em coloridos

Mas, se a gente não puder vivê-las

Não terá sequer vivido

Não, não vale jamais a pena se esquecer

De nenhum caminho percorrido

Alguns, simplesmente para não trilhá-los nunca mais

Outros, por saber que te podem levar

Novamente à presença

Da criança sincera e serena

Que sabia como segurar estrelas

Em seu par de mãos pequenas

Que podia estar perto do céu

Porque o céu era ela

Num tempo de pura alegria

Até hoje ela jura

Que o era

Por jamais ter pretendido sê-la

Simplesmente era a vida

Acordava e a vivia.

Edson Ricardo Paiva.