Entre Dúvidas e Certezas

 

São tamanhas as dúvidas,

que não cabem no destilar venenoso

da ironia e do sarcasmo.

Em meio a tantas constatações

a vontade de ir embora, mas ir para onde?

Hoje entendo que a fuga é mera protelação,

 é preciso ter coragem para enfrentar o destino,

É essencial que a serenidade

 tome para si a força conquistada

pelo mérito vencendo a ansiedade.

E quem sabe assim o impulso da força direcionado

 poderá antes construir do que destruir.

E quem sabe a força possa ser pacífica,

 se é que isto não for ideal inatingível.

E fosse a força pacífica, o amor não faria - me vulnerável,

 a provocação não desafiaria – me.

E quem sabe assim teria chegado ao meu aprendizado

e a dor não mais puniria – me,

Pois chegada a hora haveria de reconhecê-la

como o mestre que supunha não ter.

E neste instante na solidão  já não estaria sozinho

e seria individualidade a integrar-se.

Seria filho pródigo que cheio de força

 teria sido fertilizado pelo encanto da beleza.

Ganharia a senilidade da calma imperturbável,

teria a convicção de Deus estar em mim.

Reconhecê-lo-ia com ave migrante

 que encontrou no ninho de meu coração aconchego.

Dominados os extremos de mim, no equilíbrio encontraria

a estrada para harmonia divina.

 

Gilberto Brandão Marcon

10/10/1998

(Fragmento Texto: O Viajante de Si)

Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 03/02/2023
Código do texto: T7710948
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