Pacto com o Divino
É em meu silêncio que reconheço toda minha rebelião
que me traz o caminho das dores.
É na franqueza de minha consciência
que vivo a buscar a verdade,
por vezes de forma rude.
Amo pelo caminho da virilidade,
não consigo ser passivo,
rebelo-me e sou leal a meu Criador.
É assim que me faço servo de meu Senhor
e luto por ter resignação que não tenho
E apreendo a renunciar
aquilo que somente por mim não o faria.
Nas sombras de minha alma
uma paixão justiceira atrai-me
para a ordem e a disciplina,
Mas nas luzes renovadas de mim
almejo a liberdade
sem abandonar a responsabilidade.
Nas sombras de mim vejo que a compaixão humana
fez-me juiz de minhas extremadas culpas.
Em luzes suplantei a comiseração e a piedade
ao reconhecer o amor divino maior que o meu.
Temo o despertar do impulso do revide,
da vingança que responde a provocação ao orgulho ferido.
O guerreiro deseja ardentemente a paz,
mas o pacífico teme, mas não quer fugir da luta.
Sagrada é a luta pela evolução
e mesmo cansado um guerreiro
tem de cumprir o seu destino.
Lutar pela paz, existe tamanha dicotomia,
que seja este o preço pela ressurreição libertadora.
Gilberto Brandão Marcon
10/10/1998
(Fragmento Texto: O Viajante de Si)